27.11.18

Do Alto dos 37

Ainda me lembro por alto quando decidi começar a escrever
a debitar palavras, termos, conceitos e ideias entrelaçadas
umas mais turvas que outras
daquilo que nos faz humanos e daquilo que, egocentricamente, ME faz humano
à distância, ao alto, na fugaz porém sólida ideia que é a nossa existência sempre
ou quase sempre
que me debruço sobre esses conceitos e ideias que passaram, ainda que as entenda e contextualize,
não revejo o homem de hoje nas palavras de ontem
não querendo porém insinuar nem por momentos que as fases mais sombrias da nossa existência sejam ridicularizadas só porque, fugazmente - como a existência - estamos plenamente felizes
casei-me com uma mulher de sonho,
o que é com aspas pois ainda não, de facto, a propus em casamento pois gosto desta ideia romântica e infantil de namorados para sempre
mas irei
fui pai de um rapazinho,
um Ser extraordinário e extraordinariamente teimoso, sagaz e divertido como sempre sonhei que ele seria, mas melhor
um Ser que me faz esquecer os dias de quasi-exaustão e que me aperta o peito com uma fina tristeza como se de uma longa e afiada agulha se tratasse só porque nele vejo o tempo a passar à sua incessante velocidade e tenho medo
medo de perder pitada
por isso tento estar presente mesmo que não sempre, não constante, não obstinado a sufocar porém a observar o seu percurso como, julgo eu, todo o Pai deve fazer para que o seu filho aprenda as coisas importantes da vida
carácter, honestidade, resiliência, sentido de humor
sempre o sentido de humor quando tudo o resto falhar
Recordo-me nestas pequenas pausas o porquê de sempre ter gostado de escrever,
talvez porque nela - a escrita - consigamos efectivamente debitar alguma Humanidade que se perde no quotidiano, na tecnologia, na rede social, no whatsapp, nos votos de feliz aniversário em bytes e Felizes Natais em GIF
não vou aqui e hoje,
pelo menos não hoje
deambular pelos caminhos que nos estão a consumir a Humanidade,
isso fica para outro dia
Venho somente para dar um bafo de vida e relembrar-me por escrever que ainda somos Humanos por muito que andemos desconectados
do alto de 37 anos que viram um pouquinho e nunca o suficiente me revejo
ainda viajo, viajo muito mas nunca o suficiente, nunca
este ano vi maravilhas naturais que partilhei com o meu Pai no meu lugar favorito do Mundo,
Os Açores
Esqueci-me de mencionar que já sou metade Açoriano
ou melhor
uns bons 60% para 40% de Ribatejano, ainda que só o pensamento me torne ingrato e infantil
mas despertar no Faial com vista para o Pico, ver as quedas de água nas Flores, entar no Atlântico transparente
recomendo mais do que qualquer outra coisa que vos possa recomendar
à excepção de sermos pais
pois isso supera tudo o resto e, como tal, tenho um pequeno que exige a minha atenção enquanto termino estas palavras
do alto dos 37,
ainda aqui estou

13.5.16

Ainda?

Sabes não é que me tenha esquecido,
numa completa e tremenda oclusão daquilo que é a nossa mente,
o fervilhar
que habita cá dentro
não é que tenha passado a gostar menos de debitar,
deambular entre termos e palavras, dar corpo à energia que percorre o nosso Ser
é que no decorrer dos dias, a vida acontece
quantas vezes o despertar a meio da noite e elaboro um parágrafo
nada mais
nada que defina o momento em si que estou a viver mas outro,
prosa, rima, o quer que naquele momento me assista,
defina
Ter estes pequenos mimos de letras feitos, um graffiti só Meu que perdura o tempo que perdurar, lido por quem, acidentalmente o ler mas certo,
um testemunho aos que a mim ligados poderão, ainda que por momentos apenas
vaguear pela minha mente assim, desnuda
honesta
sempre honesta
acredito enfim e piamente que também escrever é como uma ginástica,
esta mental e sentida,
quando não praticada frequentemente, enguiça
prova disso todo este texto
Mas se efectivamente fomos e continuamos a Ser,
sem disso esquecer,
então aquilo que pensamos e dizemos não têm atalhos, desvios
nem poderão portanto tê-lo aquilo que sim,
escrevemos

E com isto talvez não, talvez não saiba Ainda voltar a escrever. Os regressos são sempre feitos ao ritmo daquilo que nos permitimos fazer.

6.11.15

Talvez. Seja. Tempo. (To S.)

Notaste já a intemporalidade de palavras?
o vento tal incessante que sopra pelos anos não as leva, afinal
e nos meus olhos, já mais serenos, contemplando
os dias a que se assemelha a inércia, esta, que não me tem descrito
ou escrito
afinal quem escreve feliz?
será a serenidade, esta que me assola, feliz,
motivo?
será antes impedimento criativo?
nocivo
algo existe nos anos que nos escuda, menos aptos a aqui partilhar
a abrir, deixar entrar,
um je ne sais quois de generalismos que vamos vivendo,
entre nós, uns aos outros, Seres
que nos incomodamos, molestamos, enfim, maltratamos
mas resta enfim esta maior, esta grande
Serenidade
que advém da Conquista, Amor, Amizade, coisas grandes, maiores
que se conquistam com a Tal,
e a idade
um sem-fim de sorrisos afim, conjunto
um Mundo partilhado a fundo
e enfim por isso não escrevo tanto afinal, não sou só Eu
não é um Mundo que seja só Meu
é o meu Mundo
mas é Teu

2.10.12

Não espero ser mais que sou,
da alma que sou, a génese que sou, a alegria que sou
não espero rasgar mais o sorriso, perder o olhar, viver mais que aquilo que vivo agora, ansiar
mas sonho
sonho ser mais forte, sereno, mais fiel, menos terreno, mais aberto,
menos medo
tolerante, latenjante, ser mais carne
menos errante
cometi, como tu, erros mil, ponderei cada um,
assumi
nisto deitei os olhos, mil vezes dormido,
aqui e ali uns sulcos, peso nos olhos
brilhante e ardente, por vezes só,
às vezes gente

A vida deixa faróis acesos por noites a fio e às vezes espera-se gente que não aparece.
Por vezes ao extinguir essa luz aparece outro ser que nos remenda, nos conserta, nos faz crer.
E dessa primeira luz se esquece.
E viver.
Não digo que nunca, não digo para sempre,
prometer é coisa de gente.
Tal como ser.

Escrever deve ser intemporal. Tal como nós somos, ainda que com data de validade na marca física que deixamos no Mundo. Estar feliz é intemporal e, ironicamente, é uma das alegrias que mais tempo consomem na vida - e nunca com a sensação de estarmos a perder.


31.5.12

Alma Mater

Na minha mente escrevo estas coisas mil,
das quais estas que efectivamente escrevo parecem sempre ficar aquém
enquanto o Mundo já só se foca num qualquer estado de facebook,
um whatsapp irrelevante, o próximo tweet, um irrelevante qualquer modo
de exprimir
persiste-se escrever,
mais, é urgente escrever
como se o tempo pudesse acabar a seguir, já farto de persistir na aparente eterna andança da nossa existência
enquanto nos deleitamos com a infantil ideia de eternidade,
esquecemos que importa mais termos um rumo, um futuro
mais, deixar um futuro a quem a nós se seguir
imaginarás alguém ler as tuas palavras daqui a 100, 200 anos, 
se gente houver
com todos os juízos que se poderão fazer, 
de superioridade tecnológica, de distanciamento do nosso simples tempo
como se nós não todos homens, de carne e osso,
cada vez e apenas mais dependentes de máquinas, cada vez mais distantes uns dos outros e do Mundo que nos dá existência,
cada vez mais ignorantes de pôres-do-Sol, de sentir a força das ondas a lembrar a fragilidade do nosso corpo, da adrenalina que nos corre o corpo quando nos colocamos na linha
e nisto sou um quasi-saudosista,
de ter existido num tempo de transição,
em que a nossa dedicação à tecnologia era apenas parcial,
onde namorávamos a miúda gira da escola com olhar e palavras, distantes das distâncias que agora se praticam
e se tudo isto não fôr afinal viver,
se nos tornámos apenas reflexos digitais daquilo que deveríamos ser ou pior, daquilo que desejaríamos ser
então não creio que nos possamos já chamar humanos no sentido lato da palavra
afinal metade homens, metade digital
esquecemos que um dia tivemos um coração,
esqueceremos que um dia ambicionámos ter alma?

26.12.11

Natal, Parte 30

Outro Passado,
uma minimização quasi-racionalizada de embrulhos, fitas
operação de última hora nas luzes
admito
o famigerado Espírito ausente,
leve, não fora ter sido trazido momentaneamente
ao sair à rua umas poucas noites após anoitecer me recordei de como era
quando miúdo
as pessoas não mudam
mas mudam,
ligeira e eficazmente, se o Mundo as faz mais duras de casca,
se por grande e longa parte dos dias lhes faz esquecer de pequenos gestos,
reminiscências
de mão dada a ver o pôr-do-Sol, cabeça no ombro a meio de um filme, sei lá
coisas simples a que sou dado e me perduram até que a mente se esgote
busco estas coisas das quais acabo inevitavelmente por escapar,
planeada e atempadamente,
eludo as autoridades, engodo tudo e todos, a mim incluído
e recluso, abstenho-me novamente de me misturar, de me colocar como digo
a jeito
é bom não ter já de escrever para ninguém,
sem muro de lamentações digital, sem pensar em quem pode ou poderá ler se alguém
é esta sensação amena, feita dia de Outono
que me embala as noites, sem que efectivamente morra de esperanças nem me mate de desgostos
é Natal, foi
e nisto continuo a achar que falta às pessoas muito amor, muita paz, consideração
no lugar disso podemos "tagar" um pai natal do chinês digital com os nomes de todos os nossos amigos e "amigos", uma vez ao ano
o Mundo digital é o estupidificar das coisas e o Sol já se pôs,
continuo a buscar as minhas coisas,
simples

It's not like I'm completely absent of any kind of social emotion. It's just that most of the time - and I do mean MOST - I can't even start to be bothered!

10.11.11

Quanto, hoje?

Devaneios,
nunca serás tão bela quanto hoje
nem tão jovem,
termos indissociáveis no nosso imaginário,
de seres tão fortemente atormentados ora por coisas maiores que nós,
ora por miudezas
tão extremos, nós
nas nossas paixões, nas nossas perdas, nas nossas lutas constantes para chegar a outro lugar
seremos os mesmos quando lá chegaremos,
nunca iguais quando partirmos
tomara ser igual,
sem tomar, que minto ou melhor dizendo
(omito
se omitir é a mentira dos cavalheiros,
excessivamente preocupados com o conforto e expectativas alheias em,
digamos
não as defraudar)
e sim senhor,
o Mundo é uma mera poeira, um grão de pó num lugar maior que a mais larga praia que conheçamos
sem nunca esquecer aquele dia,
junto ao mar e o meu Pai
há mais estrelas na galáxia que grãos de areia em todas as praias do Mundo
e o conceito a revolver na minha mente,
de tão pequenos,
a revolver
hoje deparei com o conceito que me dá nome,
loner
como se encaixássemos todos assim, peças quadradas em espaços quadrados,
previsíveis, delineados, torneados ao detalhe
como se não passássemos tantas vezes as fronteiras do que somos e de conceitos
pobre de quem
(digo Quem, senhor)
nunca ousou fazê-lo,
pobre de
(senhor)
quem não o faz constantemente
(ouso dizer, cavalheirescamente, excessivamente obstinado)
não viverá?
vive, sem que conste (ouso)
a mim defraudar as expectativas alheias de cada um, senhor
ou omitir,
pois vive
nunca serás tão bela quanto hoje

7.11.11

This Good Forever

Sobe comigo ao céu,
onde vivem os sonhos, as coisas belas, as luzes,
inclusive a do teu candeeiro de cómoda,
que te embala as noites, o teu adormecer
ao lado dele tu,
o teu cheiro e o teu olhar no intemporal,
a aguardar o dia que nunca chega, que nunca vem, o interminável tempo que,
interminável seria,
fossemos nós seres imortais
ao não sermos, ao estarmos todos tão romanticamente condenados,
tão sem salvação, sem esperança, sem memória que nos tome num piscar de olhos que são pares de dezenas de anos,
por quem anseias portanto tu?
porquê ter de assentar a nossa fugaz existência numa poeira de cimento?
poeira, como nós
e assim ao teu lado, eu lá do cimo, ombro a ombro com as quase-eternas estrelas,
com o quase eterno nada há,
olho para ti,
assim como que nunca tenhas deixado de estar,
nesse teu sorriso, nesse teu cheiro, nesse teu jeito
de mortal que viverá para sempre
iluminada pelo teu candeeiro de cómoda,
onde vive o teu cheiro
em mim,
para sempre!

17.10.11

Estou, Algures

Vago,
não de quem vagueia, se sim por vezes
acordo com palavras na boca e adormeço com elas pegadas
em sentidos que me suplantam, a ti, a todos
nós
não prevejo mais imortalidade,
ou melhor não a antevejo se estou tão no Presente
no quanto passei e terá mudado em mim para estar onde estou
como estou, se e quando
efectivamente
estou
tenho dificuldade em recordar onde exactamente me soltei,
onde deixei aquela última gota de humanidade,
de suspiro, ofegante
em que troquei o toque de outro Ser humano
por um afastar de mão, de mim
ainda uso o mesmo sorriso e ninguém,
quase
me conhece
ao iludir assim meio-Mundo, a eles, humanos
mantenho-me são, fiel
às palavras, essas que me nascem na boca seca de manhã
que morrem nela ao adormecer
algures, eu sei que
algures

11.10.11

Pontes

Tenho números no calendário,
relógio
aleatórias expressões de tempo, de vida, pontos que marcam entretantos,
daqui até aí, dali até aqui, os caminhos que percorremos
é facto que por tempos desligo mais do que seria humanamente recomendável,
não que em todos esses aleatórios números me tenha esquecido de ser eu mesmo
ou que a vida me tenha finalmente levado no revés daquela última onda,
creio apenas que nem sempre quero partilhar,
não com vós todos, cujo brilho dos olhos não reconheço em particular
nem com ninguém, para esse efeito
talvez possua um efeito terapêutico, espalhar a minha génese numa canvas como gotas de tinta que se deitam num puro branco
mas falta-me reconhecer purezas, efectivas,
o que nos leva a não querer estar tão a jeito, tão à mão quando tantas, muitas vezes, enfrentámos as maiores tempestades sem olhar para trás,
sem que ao nosso lado tivéssemos quem seria de esperar ter ali
tenho por vezes estes sonhos,
futuros, passados e Presentes alternativos,
memórias misturadas com desejos, livres de números,
aleatórios
resta-me esperar saber que tudo é maior que nós,
que há um meio para todas as vias que são a nossa vida
e o que conta não é o fim, mas a jornada

"..e no fundo porque somos humanos e a verdadeira humanidade tem a obrigação de nos comover em sorrisónea como me fez ao ler "Obrigada a ti menino dos olhos bonitos e do sorriso mágico"

4.9.11

Smile!

Não sei onde andas
nem tão pouco que caminhos percorrem os teus pés
nestas horas, nas outras
por vezes rodeado de Atlântico, de sal na pele, do Sol lá no alto
onde apenas me bate espuma e o ecoar dos meus pensamentos
só meus, só
interrogo literalmente ao Mar em uníssono,
como se dali retirasse algo que não a paz do meu espírito
respostas para as dúvidas que me assolam,
coisas minúsculas no panorama das reais coisas,
poeiras e entretantos num sem-número de grandes questões, problemas
assim se ocupam as mentes mais desocupadas,
tentando encontrar respostas para coisas que foram perguntadas infinitos milhões de vezes por cada Ser que pisou esta Terra
volto sempre à mesma mais leve, menos preocupado
como se lavados todos os meus pecados e diluídas as minhas dúvidas
assim se o Mar, esse
me entendesse por momentos e me deixasse Ser como sou,
como se aceitasse tudo de mim, num entendimento que estamos parcos de encontrar uns nos outros
Não sei onde vou
nem tu!
mas se nos encontrarmos pelo caminho faz-me um favor,
smile!

19.8.11

Serenidade

Á última semana de vintes,
a humanidade, essa, comprova-se
ainda imbecil, incapaz de surpreender pela positiva, um sem-jeito de exemplos que podia enunciar
mas por vantagem, por tempo
meu e vosso
mais sereno, menos preocupado se é que de todo em impressionar alheios,
em conquistar pelo excesso de positiva, como se a nossa personalidade servisse para agradar aos outros
quando na verdade tem de servir para nos agradar a nós mesmos
e a nós mesmos cabe a tarefa, sempre árdua, sempre titânica
de a moldar às nossas paixões, ao nosso Mundo
desconfiem sempre das pessoas que têm mil milhares de amigos
como devem talvez desconfiar de mim,
pelo sem-número de noites a que me devoto à minha própria companhia
desconfiem sempre dos primeiros, pois são as pessoas mais solitárias e ansiosas de companhia do Mundo,
desconfiem dos últimos, serão sempre os menos sagazes em agradar-vos ou em se precipitarem em ínfimas tentativas de vos impressionar
em suma sejam serenos, na ela também titânica tarefa de ignorar tanta coisa que não faz sentido,
tantos erros, tanta injustiça, tanta coisa que o Mundo vos atira para as costas
carreguem portanto só o peso dos vossos sonhos e dos que vos importam
tudo o resto?
o resto são tretas, pá
 

13.7.11

A Sós

Hoje não mais é que ontem,
alienado o facto de ainda estar vivo, de emotivamente me passear por este Mundo
escudado a todas as coisas a que me proponho escudar
hoje não mais é que outro dia,
que outra oportunidade feita de irrelevâncias, de finais de noite entregue ao som dos meus passos,
à luz que me bate ao de leve a mortal pele,
ao eco
nesses ecos a que me remeti,
a que me remeteram e,
remetem
nesses momentos a sós e sós que não têm mais nome, mais jeito
acabo enfim por pertencer, por serem meus e só eu
e que em suma que deles se possa espremer aquilo que aqui se escreve,
num lugar onde a etiqueta é quase sempre a mesma,
senão porém igual,
um misto de vários tipos de ecos,
de sós e a sós
não me remeto propositadamente em demasia aos mesmos,
mas parece que por muito que seja eu mesmo, que muito tente
não me consigo libertar deste vazio a que me remetem,
a que me insistem remeter
a sós,

27.6.11

MAD days, Madrid days

Fazem hoje onze,
dias
oficialmente a viver pela Capital Espanhola
oficiosamente chamemos-lhe vinte e sete
a fazer recordar que dois meses dos meus grandes,
trinta
números, matemáticas que articulamos para não nos sentirmos tão sem rumo
como se ao darmos um nome, um número a coisas, vivências
com isso as tornássemos eternas e indeléveis,
ainda que tão nossas e de poucos mais sujeitos que estejam enfim,
sujeitas a perecer tão penosa e irremediavelmente,
esquecidas
os nossos maiores dias, as nossas maiores vivências,
momentos de glória e dôr,
paixão, amor
indeléveis somente nas nossas almas e de quem nos vivenciou,
acreditemos,
somente
por todo o resto, todos os durante e os além, os oxalá
um sem-número de sem-sentidos, de irremediáveis momentos contados, perdidos
na beleza efémera que somos nós,
eu, tu e vós
restamo-nos não mais e somente uns aos outros,
para escutar e falar e amparar,
existências
para que mesmo que sujeitos em uns e outros a subsistir
nunca nos esquecemos que é agora, é hoje
de tudo o que foi dali até aqui
existir

..e com isto distâncias, que as há, de tudo. Não sei bem ao que escrevo ou a quem se não a mim. Não restam mais que não os livros por ler e os sítios que ir. Todos os entretantos são meramente isso. E com isso se envenenam dias que se evitam envenenar, uma Odisseia constante contra tudo o que nos tenta demover, a essas energias que saberão que receberão " tenfold " de volta e a nunca perder o fio à meada. Nunca. Se queres, faz acontecer.

22.6.11

Are U Available?

Fins de tarde,
verdade que a brisa é mais vento que a primeira,
enquanto o Sol brilha no alto destes céus portugueses e os pássaros são a minha companhia
ruído de fundo da tv, programas da tarde, ridículas soap operas de camadas e camadas de aproveitamento da miséria alheia,
falsos moralismos
deleite que quase me faz adormecer ao som de poucos nadas
feliz pelo dolce fare niente
enquanto em mente me ecoam palavras de gente que nada tem
eu aqui, vocês aí, presume-se que em relativa fartura
porém nestes mesmos fins de tarde, debaixo deste mesmo Sol português, onde pássaros nos acompanham
há quem passe fome,
envergonhada ou não, fome
enquanto me interrogava o que haveria de fazer para dar mais nexo, mais rumo
lembrei-me desta coisa estranha que tenho dentro em abundância,
à qual chamam humanidade
compaixão
que vida é aquela que é feita só em proveito próprio quando nada em proveito de ninguém mais
de nada mais
resolvi levantar-me da minha cama de jardim neste fim de tarde
por muito pouco que seja,
fazer a diferença que já não espero que façam em mim
façam a vossa!

14.6.11

Um Aparte, Liberdade

Temos quem nos siga na sombra,
sendo portanto um facto que escrevemos como reflexo de nós mesmos,
daquelas ideias que ao acordar nos perduram na mente,
da introdução à mood que nos vai marcar durante o dia
seja ela de alegria e humor extremos ou da vontade de chorar
sem explicações, motivações
que não os sonhos que nos perseguiram durante a noite ou,
quem sabe
ser segunda-feira de manhã e termos de ir trabalhar mais dezoito dias para pagar os impostos..
Considero-me relativamente assistemático,
é relativamente fácil quando somos o mais independentes do sistema que podemos,
ao mesmo tempo que retiramos dele todas as comodidades que nos são possíveis
com isto não querendo dizer que sou menos escravo que vós,
ou em igual medida, mais livre
ao assistir - infelizmente não ao vivo, ainda que partilhe agora da mesma cidade - ao protesto de Los Indignados de Madrid
não posso deixar de pensar que, ao contrário do que muita gente diz
estamos pacífica e silenciosamente a protestar,
como temos protestado sempre até aqui pela dignidade, pela oportunidade, quiçá igualdade
porque todos sabemos algures dentro de nós mas sem berrar,
que nos estão a alienar a vida e os direitos, a roubar aquele bocadinho mais, a escravizar aquele bocadinho mais
creio aliás que a Política devia ser a arma dos homens honestos e justos,
que estes pudessem também bocadinho a bocadinho mudar o Mundo para um lugar mais equilibrado,
mais livre
mas infelizmente sabemos que não é por acaso que nos matamos por dá cá aquela palha,
que nos arreliamos com coisas estúpidas e levamos as nossas frustrações para a estrada, para a fila do supermercado, para o trabalho
que as atiramos para cima dos outros que sentem como nós
não escrevo como intervencionismo Político mas humanista,
porque sinto e sei que sentem,
somos todos donos de almas, corações e espiritos livres
cabe portanto a cada um resistir ao ímpeto de nos tornarmos animais domésticos que fazem o que esperam de nós,
trabalham mais por menos sem protestar, compram mais mesmo quando o senso comum diz que não o deveriam fazer, votam no senhor da gravata seguinte, não o responsabilizam quando lhes falha as promessas, aceitam sem indignação que é certo pagar tanto por serviços básicos à sua sobrevivência e,
sem mais que insistir,
acreditam na sombra que um dia mudará tudo para melhor sem que efectivamente o passem a exigir
as revoluções não se fazem com armas, fazem-se efectiva e principalmente no coração e mente de homens e mulheres,
livres

9.6.11

"Hmm Hmm"

Moods,
elevam-nos e arrasam-nos os dias
as noites, lugares, caras e pessoas
sentimentos,
sensações,
quero-as a todas num bolso,
anotadas por ordem alfabética e ordenadas cronológicamente
todas,
as que vivi e vivo, as que aguardo fazer, ansiosamente
de sorriso de miúdo em riste, à medida que por mim caminham
a escassos centímetros sem que os meus olhos te sigam pela sala,
pela rua, no teu lugar,
onde quer que seja - não me importa mais
sou uma muralha, o Mundo
sou aquilo que um dia te contaram existir e não acreditaste,
a excepção da regra, à regra
o inamovível, sempre a caminho, sempre lá nunca aqui
para ficar
sou o que desejo e um pouco mais que não controlo,
limitado pela epiderme que me serve de rosto,
os olhos inchados, vermelhos, mal descansados
a alma imóvel, ora plena de paz, ora de todos os excessos
sou o que sempre te quis dizer e te disse,
as palavras que escrevi e que nunca ouvi em feedback
sou e somos,
tantos muito iguais,
uns poucos,
tão diferentes

e com isto a primeira semana de Madrid. Porque posso. Porque acredito piamente que temos que de tempos a tempos quebrar o molde, fazer um novo e chamar à nossa vida um sentirmo-nos vivos. Porque há sangue quente e o meu gelou. Porque me apeteceu um dia ser impulsivo e saltar para um barco, como tinha feito outras vezes antes. Porque é verdade que a extrema esmagadora das pessoas nascem, vivem e morrem no mesmo lugar - eu não serei uma delas.

27.5.11

"Never Dream of You"

But I'm your disappearing one
Vanish when the curtain's drawn
But I will come again, and you will let me in
And you'll see I never disappear for long

E sigo na onda que me arrasta o corpo,
de alma ensaiada, na distância que me separa ambas
ao que me relembra quem efectivamente vive em mim
no sangue que me corre sob a pele,
ao olhar que em tudo pousa,
em nada
falha-me ultimamente que nome dar ao que reside
debaixo de camadas de epiderme
senão humanos, o quer que algum dia um alguém lhes disse
palavra
sem senso às coisas,
parece que se passaram existências,
vidas
de tudo o que um dia conhecemos e dos cheiros, das presenças e do calor
mas não, ao fim que não lhe reservo bem
não me resta senão pensar que sim
só pode
que sim
melhor

e pelo menos com isso sonho noites a fio como se nunca sem fim,
como se o entretanto fosse antes o que levo acordado
a pensar que pelo menos na noite sim
encontro-te sem querer, sem pensar
só como sentir

22.5.11

"There's only what you do. And what you don't!"

Há apenas,
os entretantos, o que nos liga à vida e aos lugares
há apenas o que sentimos e o que nos move,
o tempo que falta entre o agora e o próximo grande evento da nossa vida
o que abraçamos e o que deixamos para trás
existe apenas um punhado de palavras, sem clichés
que a tais não sou dado
desisti de explicar até que ponto sou
um loner
por todas as opções, por todos os motivos, por natureza
ou talvez por vezes mil questionar a mesma natureza dos demais
com mil exemplos dados para dar
todos os quais porque não
convenhamos,
até que ponto pode ser enorme a esperança de um Ser?
é a esperança do mesmo contra o Mundo,
indubitavelmente intemporal,
ou melhor,
enquanto se dura
o Mundo e a vida seremos sempre nós e uns poucos contra o resto,
porque se de acordo com todos e sempre sem uns poucos,
falhámos
e o Mundo ganhou, moldando-nos ao que é e não ao que somos,
dispensados de alma, carácter
vencidos de alguma forma
sem ter algo que interligue tudo isto,
que somos e seremos
enquanto se dura!

..e nisto restam-me dez dias de Reino Unido. Dez dias de três bons amigos, de comodismos e conformismos, restam-me dez dias de coisas que odeio e de outras a que me habituei. Restam-me dias cómodos e bem aproveitados. E mal. Porque os entretantos são assim, saboreados, como existe sempre ontem e como se espera existir sempre amanhã.

15.5.11

On The Move

On the move,
Como se o corpo eternamente jovem,
a acompanhar a alma que lhe dá ritmo
acordado horas,
vinte e três por dia,
descanso minimalista,
círculos em volta dos olhos e que importa,
se ninguém se importa
aproveitar cada instante, guardar cada momento, adiante
ainda estou em crer que em todos os meus defeitos reside o maior,
o de ser imensamente Humano,
nesta compaixão que me assola e me alheia dos restantes,
mesmo na hora mais resumida,
mais louca e alcoolizada, mais acabada
na réstea de résteas podemos encontrar os nossos amigos,
semelhantes,
estes se os houver,
os que salvarão o Mundo uma pobre alma de cada vez,
um olhar de cada instante, uma mão de mansinho
sabendo à priori que não é uma luta pois fora ela tal,
e perdida estaria
é antes um assumir de carácter,
para cego ver,
entende
prefiro dormir assim, estupidamente Humano
do que,
como tantos,
Humanamente estúpido

29.4.11

01:57 29-04-2011

Mas acima de tudo incomoda-me às vezes,
assim por assim
não saber onde encontrar essa paz
esse lugar só e unicamente
meu
esse ponto onde as coisas me incomodem menos,
onde me desligue das crueldades do Mundo, dos outros
paraíso se lhe quisermos chamar,
a quem por vezes vê mais do que quer,
sabe mais do que deseja,
pensa mais do que deve,
sente deveras mais do que se atreve
e não que ao Mundo lhe interesse, que queira saber
nem eu dos seus senseless judgements
não levamos nada mas mesmo nada desta vida,
que não o percurso da mesma
tenho sono mas não durmo,
que outro remédio tenho,
se me assim assola,
escrever

16.4.11

38.000ft


Estamos a trinta e oito mil,
pés
centena e algo de estranhos, diversidade de olhos, de tons
línguas, lugares, pessoas que são bocados de tudo e de onde originam
entretenho-me com o tédio destas infinitas horas que levo,
entre Lisboa e Londres,
Londres e Lisboa
repetir
estamos sempre a caminho de algum lugar,
entre a suave turbulência que me embala as palavras
no pouco que mudou,
o lugar vazio entre mim e o estranho que ficou com a coxia
janela para mim, sempre
para por vezes perder o olhar nas estrelas lá fora, nas mil luzes das mil pessoas lá fora
de um Mundo que está entre o adormecer
e a adrenalina de mais uma sexta-feira à noite
Deixem-me que vos diga,
o Mundo tem tanto de excitante como de entediante,
de aventuras como de previsibilidade
seria de pensar que por estar mais exposto, disposto
lá fora, entregue aos braços do Mundo e das suas cento e noventa e sete Nacionalidades
seria tudo melhor, diferente
mas não é..
ao fim do dia a fronha da minha almofada é de algodão semelhante ao teu
os meus pensamentos semelhantes,
os desejos incessantes
talvez na diferença de que não me interrogo já tanto,
como quem aceita que a vida existe sempre neste limbo
entre a imprevisibilidade e o tédio
de mais uma sexta à noite
a trinta e oito mil
começa a descida...

11.4.11

F####n' Idiots

O silêncio tende a dar-me associações à ignorância,
desprezo gente que não tem nada a acrescentar, a dar, a oferecer à vivência
creio que não é tarefa fácil para muita gente parecer inteligente todo o tempo
o miolo pode doer
sem tal conteúdo,
sem algo a que nos apegarmos, tende-se a assumir que a humanidade leva milhares de anos de,
enfim
estupidificação congénita,
de dizer coisas que não sabe, não percebe, não assume
maior grandeza teria quem assume a sua ignorância quanto a quase tudo,
quem se deleita no meio do ignóbil e incapaz
daquilo que é o medíocre, o normal,
habitual
o mesmo que todos os dias se mascara e se faz passar por melhor,
maior, mais interessante, culto,
vivido
ao me dar pena como nojo,
um misto de desprezo com vontade que toda essa espécie fosse esterilizada à nascença
para assim poupar a humanidade de gerações vindouras de anormais,
de mentirosos, incapazes e imbecis
you know who you are

9.4.11

Sem Sombra Para Dúvidas

Se tivesse uma libra por cada mentira que já ouvi por parte de uma miúda, estava rico.
Se por cada mentira dessas nelas acreditasse, seria bilionário.
Nunca digas aquilo que não queres, aquilo que não sentes.
Em suma, não tentes nunca ser quem és.
Quanto mais tentares, mais depressa descobrirão que não és sequer a sombra do que prometes e dizes ser.
Ao seres, nunca tenhas medo de nada.
Nem de sombras, nem por sombras.
E com isto insónias. 3h12 da manhã numa semana de trabalho. Falta um mês e vinte e dois dias.
M...adrid dorme,
eu não!

5.4.11

Smile, Smile, Smile

oh your antecipation pulls you down
e ecoam como em quaisquer lares deveriam frequentemente ecoar
música,
tocada e cantada
sentida e nem sequer pensada,
pura
reergui em mim algo que era tão ocasional, uma quase-memória de um quotidiano distante
seis cordas, as minhas mãos e os meus sonhos todos nelas,
os meus desaires e a minha solidão,
as minhas alegrias e prazeres,
os dedos suaves ou desejosos
o som que te invade o peito, o corpo sem pedir, aos jeitos a que te dás
sem que interesse o que quem quer que seja pense,
se bem se mal, se erroneamente
a arte é o prazer de errar apaixonadamente
como o é viver,
como deveria tantas vezes ser
já e agora
porque o estamos efectivamente
e essa meus caros
é das únicas certezas a que nos podemos dar ao luxo
let it shine

3.4.11

Sem Mais

Sem mais,
como que perdido em dias bilingues
trilingues, num misto multicultural que daria dores de cabeça sequer em colocar
em sintaxe
das que nunca pensei dizer,
vou ter saudades disto
"would you like to join the EU?"
os lugares não são lugares, são pessoas
são sorrisos e ecos de risos,
um misto de coisas que não se devem explicar em sintaxe
são aquilo que ganhamos e o que nunca perdemos
o intemporal, o imutável
são esquecer rapidamente tudo o que não presta,
todos os que não prestam
agarrando cada momento,
hilariante momento
de coisas boas que alguns seres te dão
sem exigir
devoto ao bom sábado, bom início de domingo
é quase segunda-feira,
chegam as pausas no céu para ficar uns dias a sentir
por Terra

1.4.11

"Owner of a Smile"

Practical jokes,
tonight I feel it appropriate to write it off in English
innit mates?
considering my rest, sleep
thinking ahead of my Murcia late morning
I miss my sunshine, all of it
the same way I can't wait my epidermis to feel the sweet icy sensation of the Atlantic and our own
as if my very own
golden sands
you see I always said I was quite simple to please,
and indeed I am
if I was a super-hero
and mind you, sometimes I can be
I'd have the power to vanish, to disconnect and fly far away
and indeed I do, indeed I will
and indeed I sit and wait, like most things that are worth waiting for
patiently
and as days go by, as time slowly flies by me
the closer I am to Bliss is always as far as I allow it to be,
always at the distance of my fingertips,
my dreams,
my smiles
and mind you once again,
my smile is unbreakable, it's unvoidable and unavoidable
it's the only thing that can't belong to anyone else
as else there is none that can make a moment in my life,
a single moment,
where I think twice about, a second chance about, a minute, a fling, a blink of an eye
where lines that make up the expressiveness of my face
and eyes
have no owner but my own

31.3.11

Mais Oui Mademoiselle

Toulouse,
por algum motivo o refuelling truck não apareceu a tempo e horas
dando portanto tempo ao chitchat com a dispatcher francesa
regra,
nunca provocar uma mulher francesa, elas são tenazes e fearless
entre o andar cá e lá,
o sofá e o resto do Mundo do qual tenho apenas por vezes uma janela digital
explicava a alguém que nada é sempre tão bom quanto soa,
quando feito na nossa pele
porém,
o positivo vive em todos os pontos e lugares do Mundo,
em todos os seres e vivências, em todos os momentos
amanhã ainda não sei,
mas quero crer que devoto a uns pequenos nadas prazerosos
enquanto aguardo folgas Lisboetas que estão para vir,
à medida que cresce a emoção da mudança,
de me tornar Madrileno,
ironias,
M em Madrid
mais oui mademoiselle
se todas as pessoas parassem por momentos de fingir serem o que não são,
de estarem à altura do que não estão,
se por momentos colocassem mãos na consciência,
no coração,
alma se é que todos a temos
bem tão bem sei que tenho
então o Mundo seria bem mais que cidades e lugares,
seria bem mais que provocações e nuvens,
pudera ser algo que nos mantivesse miúdos, sorridentes e sonhadores
crentes em coisas puras e maiores,
mas sendo que não é ou se recusa a ser,
há que dizer
mais oui,
oui mademoiselle..

29.3.11

Smile and Wave Boys, Smile and Wave

Existe ainda uma imensidão lá fora,
que desejo escrever, descrever
um Mundo inteiro que quero percorrer com os meus olhos, as minhas mãos, saborear e degustar,
existem como sei cheiros como os das ruas de Macau,
a neblina de Veneza,
a brisa de Verão de Berlim,
o pôr-do-Sol Caribenho das Antilhas Holandesas,
um outro sem-número de lugares e pessoas, cheiros e cores, vivências a que me tenho retraído
daqui para a frente diz-se
vai ser tudo diferente
não vai ser tudo, mas sim quase tudo menos a vontade, que só tenderá a ser maior,
suprema
disse de início que faria deste ano algo memorável e assim tem sido,
assim virá a ser, forçosamente,
as tantas e penosas mudanças, ansiosas
foram pelo menos três anos e meses para chegar até aqui,
com certezas no bolso, ansiedades e aventuras,
com um Mundo inteiro na mão

"He's got the whole World in his hands.."
I'll never stop. Have you even considered starting?

27.3.11

Sun(ny) Day

I'm going to climb up to the stars, sit down, open my eyes wide open and smile - just smile!

Os domingos tendem por norma a ser dias entediantes,
burrecidos
como se padecessem de toda a dinâmica dos outros seis dias da semana
não sou portanto imune,
ao que se um dia sem voar me calha no malfadado dia
o meu cepticismo quanto ao aproveitar desse mesmo é inevitável,
como tal, Sol
levámos para o alpendre os cafés,
Polska acende um cigarro e eu mantenho-me fiel
café sim, cigarros não
um vício de cada vez, alguns nenhuma
entre o Sol que aquece a pele e nos dá saudades de coisas boas,
empreendi em buscar a guitarra para com ela ao colo entoar algo ensolarado,
assim se predispunha, assim devia
acabei por ter de ensinar à Polska os acordes iniciais
correu bem
dias há que é possível arrastarmo-nos em pequenos nadas,
nadas de nada fazer
que ainda assim nos enchem de coisas boas e fazem sorrir
dias há que, como este
domingo
se fazem sentir mais ensolarados que qualquer outro dia semanal,
a fazer lembrar que não tardarei a sentir o Meu Sol na Minha Praia,
o Meu Lugar
hMmmm
join me!

Disappointment

Há quem preveja acerca da vida dos outros,
como se vidas fossem linhas, experiências iguais e vivências sequer semelhantes
há quem entenda dar morais que não tem, não pode
não a quem deu voltas ao Mundo,
que não se dá a manias, coisa tão da minha gene mas não do meu cerne
há coisas outras que não sei explicar,
que me deixam entregue ao tempo a matutar em mim,
sem que por isso me penitencie dado que sou sempre,
mas sempre,
igual a mim mesmo
Não me julguem sem me conhecerem, sem me terem novamente testado o cerne,
não presumem saber quem sou,
a forma como penso e sinto,
ajo
não assumam que três parágrafos ocasionais resumem sequer minutos da minha vida,
muito pouco daquilo que me consome é alguma vez colocado entre linhas
tal como muito mas muito daquilo que leio me falha em impressionar,
como os muitos copy paste que vejo passar
todos os dias por mim

..e com isto restam dois meses de Londres, mas o tempo que me consome é sempre outro e relativo, está sempre à espreita daquilo que vai faltando ao quotidiano. Vai sempre contando com tudo. E com nada. E vai tendo muito pouco, mesmo muito pouco a que se fazer valer.

24.3.11

M

Tenho em mim todos os sonhos do Mundo,
inclusive o de ser um homem melhor,
não maior
convenhamos que do alto do meu altíssimo arranha-céus que são os meus metro e setenta e oito
upa upa
em terra de gente que me acha baixo,
abstenho-me de possuir quaisquer complexos de altura se vivo constante nas altitudes
nas quais tenho em conta as da minha imaginação, eloquência e desvairos mais que vários
aos quais devoto a minha sana loucura
tenho em mim toda a vontade de todas as aventuras do Mundo,
de todos os lugares mas não de todas as pessoas, se de algumas
só uma
só tu,
tenho portanto em mim todos os sonhos do Mundo,
e ainda bem que é tarde e tenho sono,
pois ao acordar amanhã espero sempre um pouco mais,
mesmo que só um muito pouco,
que bom que tenho em mim,
todos os sonhos do Mundo
todos

21.3.11

Surprise? No!

Deixem-se de merdas,
brilharemos sempre que soubermos
quisermos
sermos maiores que os pequenotes que nos rodeiam,
donos de sorrisos frágeis que poucas vezes lhes pertencem
não tenho demónios a puxarem-me para lado algum
hoje durmo sob a Lua cheia de Londres,
amanhã na de Barcelona,
em três dias na de Berlim
por altura de céu escuro na de Madrid,
sem esquecer as minhas Lisboas pontuais às quais sou tão dado apenas por sete motivos pessoais
mais nenhum
não me esqueço, não perdoo, não olvido, não
é coisa para quem quer, para quem deseja
talvez para quem ame incondicionalmente
sem condições impostas só a mim
nunca me quebrarão as asas
adivinha
nasci para voar

"your antecipation pulls you down when you can have it all, all, all "

18.3.11

Insultos à Inteligência, Parte...pff


Estamos para lá de meio Março de dois mil e onze
cessam ainda lá fora em me surpreender,
onde tantas vezes me recuso ir porque já sei
já vi, já ouvi, já senti, já conheço
de gingeira 
todas as desculpas e todos os esconderijos,
todos os lugares para onde se corre,
para onde se anseia e para onde se mente,
todo o momento em que escasseia o carácter,
o ralo de todo o tempo
que não seja então de admirar que nesse, do tempo
não me ralo eu
como se sempre ausente de preocupações sociais,
de ter algo que deixei por fazer se faço apenas e somente aquilo que entendo fazer
Já depreendi para mim mesmo as escassas hipóteses de alterar o rumo efectivo às coisas,
pelo que me depreendo deambular pela vida a olhar para o relógio ocasionalmente
em busca de apenas coisas, outras coisas
que me façam os entretantos menos dolorosos, penosos
a diferença entre aquilo que queremos ser e o que somos está apenas suspensa pela vontade que possuímos
enquanto não me faltar vontade, não tenho porque estar mal
estou vivo,
enquanto viver apenas me desejo vontade
durmo mais um dia sob o céu Português e não,
ninguém fez a diferença no meu Mundo hoje
somente eu

When in doubt, ask yourself... what would Jack Nicholson Do?

15.3.11

Sweet & Sour

A vida tem dois lados para tudo,
como existe o dia e a noite, a minha praia e o meu campo
céus azuis e cinzentos,
Londres e Lisboa
a vida da qual faço parte dois lados também me deu,
o que tudo de melhor tem para dar,
o que tudo tem de pior para impiedosamente tirar
Não engulo tudo como a esmagadora maioria,
como se pudéssemos ser espezinhados por alguém, que não de direito,
como se estivéssemos ao nível do quotidiano
que não
Assim passei o meu ontem,
pegado à minha sunburst, minha nova e igualmente antiga paixão de anos,
veia de criatividade, de musicalidade, de extensão da alma ou seja
aquilo que uma guitarra deve sempre ser
Deixo portanto entregue ao quotidiano tudo o que lhe pertence,
na medida em que a minha capacidade de querer, de desejar, de gostar, de perseguir é deveras limitada
considerando as opções, o tempo, as coisas todas que não importam,
defino assim a minha
Faltam hoje dois meses e meio para mudar de vida outra vez,
talvez desta acerte mas
caso não
se alguém há lá fora que me acha pouco merecedor, fanfarrão,
um qualquer merdas sortudo
lamento
mas quero que se vão f0der e que façam da vossa merda de existência algo que vos orgulhe
como eu ;)

9.3.11

Hola!

Se me procurares corres o sério risco de me encontrares,
encontrando assim as coisas que não sabes,
as Planícies e as noites de Trovoada
se me procurares e me encontrares
faz por isso,
dá-me a mão
ainda que eu,
aparentemente num rumo definido,
por vezes perdidos
não sei se escreva aqui que sim,
sou daqueles que tudo teve do que quis,
estragando sem dó o que aprouve estragar
e quase impune saí,
Assim que noites tenho em que antes de dormir e,nas horas que se lhe antecipam
não sei
nem quem sou e para onde quero ir
sabendo apenas que só isto não me basta, só isto não sou eu e não,
só isto não me completa e faz feliz
por isso se me encontrares sussurra-me o caminho,
mesmo que não o saibas
enquanto adormeço acreditando que sim
uma parte de mim adormecendo acreditando que nunca virá no escuro
a tua mão

..e com isto vejo o tempo fugir-me entre as mãos. Será o tempo como cimento para o cepticismo?

3.3.11

Ponderar

Já tive a maioria das coisas,
a maioria na altura errada
se é que de alturas certas vivemos,
sobrevivemos,
a elas parecemos durar pelo menos durante partes de tempo mais extensas do que aparentam inicialmente
opto por não recordar nomes, datas
cores de olhos, olhares
lugares
opto por assim permanecer,
imutável, jovem, em noites assim me manter,
como se o tempo fosse meu aliado e um dia não me derrubasse
mas derrubará,
nesse acordo secreto que com ele mantenho,
e nos meus pensamentos a eles te prendo
espero que ele vá passando na medida certa
aliado à distância, essa bem menos,
certa
não sei quanta medida de mão te dê,
te alargue ao meu ser, a mim quem sou, quem quer que em mim vejas, encontres
encontra
Não sei e como é de mim
opto por não saber, não pensar, não por momentos Ser
assim o que tiver de efectivamente,
ser
será
se te encontrar por aí, tu por mim, eu por ti
ponderarei ficar,
tu igualmente ponderar
quem sabe...
pode ser que um dia consiga fazer resultar

26.2.11

Aguarda

Saudades,
sem te sentir o sabor e o peso dos pensamentos nos meus braços,
nos olhos pesados que me levam a noite,
a anterior mal dormida, essa
saudades
sem sentir o quer que seja em anestesia quase terminal,
como quem aguarda o alívio de parar de respirar por fim,
para assim, por fim, ser libertado
ainda assim preso a sonhos mil, anseios
a coisas e gente que me escapam como areia por entre os dedos,
estes meus
que não te tocam mas sentem tocar, pensam tocar, anseiam e sonham e assim,
irrigados por tudo isso o demais
vão vivendo e escrevendo,
debitando às palavras aquilo que me vai na alma hoje admito, cansada
destas velhas guerras, de velhos nadas, de lutar mais um bocadinho, resistir
contra marés e ventos que me assolam sem que as tenha provocado
aguardo deitar a cabeça na almofada e em pleno
drifting
sonhar que existe lá fora para mim um lugar melhor,
onde só eu sei que se pode estar, sentir, ficar
um lugar assim que só alguém como eu,
só eu
um dia me propus a sonhar

E com isto acordo em Londres, adormeço em Barcelona para ali novamente acordar. Novamente em Londres adormeço e não, em lugar algum destes pertenço..

24.2.11

Catalá

Ainda hoje em Barcelona,
amanhã igual
as horas a correrem atrás de nem sei bem o quê e noites tenho que acordo a meio delas para despertar um bocado,
o pensamento preso num qualquer vórtice que me leva algo,
ou não mo devolve por uma noite que seja
Prendo-me nas palavras das pessoas que leio,
visitando sem lhes dizer
a mais fashion de todas,
a mais descritiva de todas,
o melhor amigo,
o melhor amigo,
o melhor amigo,
esse conceito infantil o de o melhor,
sabidos quem são, a diferença que fazem no nosso cerne em dias assim, longos
bons dias mas longos
senti naquele lugar a vontade que ainda me move e moverá sem tardar
a pertença a que não conseguimos evitar sentir,
ainda que nos falte tudo o demais,
que nos tenhamos a nós
nem que seja por momentos, entre noites de temporária insónia

20.2.11

"Sunday Morning, Rain is Falling"

Apraz pensar o que uma miúda escrevia ontem, citando directamente
a internet destrói as nossas vidas
se destrói não sei, mas tende a deixá-las mais vazias e preenchidas por companhias em formato digital,
heranças de vinyl
ao deixarmos mais de sentir o ar fresco na cara, de ver as estrelas no céu lá fora e deixar que o Sol queime,
ainda que lentamente pois é Fevereiro e ele escondido,
a nossa pele,
tendemos a ser mais máquina e menos humano,
para mim e para muitos, esta necessidade que se prende em hibernar, fechar as quatro paredes com o wi-fi e uma janela para lado algum preenchem mais espaços do que me proponho a descrever
ligam-me ainda a sítios onde sei ser feliz,
abundando os motivos e tempo sempre que lhes toco com os pés,
com as companhias reais, carne e osso que se lhe associam
não proponho um ode de ódio ao Mundo digital mas sim,
descontrolado destrói, consome as nossas vidas
dito isto é domingo de manhã dos que acordo em casa que será sempre a minha,
mas ao despertar com este pensamento em mente não pude deixar de o partilhar
com quem quer que seja que, num seu momento digital,
se ligue a ela
bom dia!

15.2.11

18:10

Não sei se ao fim do tempo ainda me lês,
à distância que é nenhuma no nosso mundo digital,
por onde entre tantos que dizem ser eu nunca esqueço quem sou
os caminhos que percorri para te dizer onde estou,
não igualo em palavras as almas que por dedos percorri,
com pensamentos persistentes mantive,
com elas na mente adormeci
Porém não gosto, detesto que assim me deixem escapar,
com as quaisquer desculpas que faço para mim,
fazerem suas para que não se deixem ficar
sonhar,
ao maior desperdício que na vida encontro,
o de entrarmos no Mundo os dos outros
deixando-os rapidamente,
sufoco
não sei se ainda existem anjos lá fora, se ocupados
com o Mundo como está, convenhamos,
não lhes culpo de forma,
fastigados
vou ficar por aqui sem desculpas em me encontrarem,
em me dizerem o que lhes passa, o que lhes faz sentir,
se algo,
se um dia,
se lembrarem

"A Caminho..."

Tenho um pequeno móvel que vai enchendo de livros,
em Inglês, Português, Espanhol, Francês
Se por um lado é boa prática às línguas que usamos com menor frequência,
é por outro lado um deliciar a nossa mente com a sua capacidade multi-linguística, cultural
sem lost in translation
Apesar de nem todos serem pérolas da literatura,
a cavalo dado não se olha o dente
acabo por dar em mim na companhia de algumas das mais brilhantes mentes da escrita,
gente que viva ou morta me estimula o córtex cerebral de uma forma que muitas pessoas,
elas vivas, a respirar e em discurso directo,
falham em conseguir
Talvez sejam os dias cinzentos,
que me tornam cáustico, exageradamente sarcástico e de cheeky evil smile
contrariar a falta de dinâmica que a chuva impõe, dando aos dias assim uma dinâmica única
exige um esforço Titânico,
uma sandbox dentro de uma outra box (casa) que tem por demais vezes o hábito de se tornar claustrofóbica numa mente e corpo que anseiam vaguear pelas demais planícies, montanhas e beira-mar deste Mundo
Vivo na crença de que a minha juventude morrerá se um dia perder esta necessidade,
a de descobrir novos pontos ou de, pelo menos, sonhar com a descoberta dos mesmos,
ainda que na distância da minha sandbox de duas janelas grandes, vista para tijolo e um quarto de céu cinzento-fastio
culminará isto tudo um dia com algo melhor,
ainda que não tenha no calendário um círculo, uma cruz
um vou ali e já venho
mas não tardando vou ter, indo para não mais voltar a deixar-me fechar em caixinhas
pois se ao Mundo que trato por tu, por todos os lugares que vi e passei sem que perdesse o sentido de pertencer a todos eles me permitir,
não tardará a fazer-se sentir algo que pareço ansiar dizer, gritar, expressar nas mais cruas palavras a preto e branco
fui-me embora, não faço intenção de voltar

14.2.11

Valentine's Day +1

Passou,
diria que mais uma segunda-feira
se fora por momentos dado aos dias da semana,
esses que me causam fastio, me degolam a capacidade de me equacionar perante o Mundo lá fora
o vosso
hoje não por ser um qualquer dia inventado, não uma qualquer historieta que me tentam impingir,
precisava de um bocadinho mais de algo
que sabe-se, quando se precisa
raramente se tem
Assim prestes a deleitar-me em lençóis brancos lavados,
as coisas que coisas são e ao limpá-las se fazem novas
se ao menos à alma assim houvesse o programa 7
delicates
de bom grado durante hora ficaria sem alma para de novo a receber fresca
com cheirinho a lavanda
ao falhar-me aquele bocadinho para o qual salto, permaneço inerte
ao falhar-me o ar, penso em água elemento meu
tenho tantas falhas no meu corpo e alma que me dá vontade de simplesmente inspirar, expirar
a cada bocado que passa tendo a falhar encontrar o sentido às coisas e palavras
estou cada vez mais certo que não sabemos nada,
não há mal feito,
não quero saber

6.2.11

And We All Carry a Soul Inside Ourselves

Ás vezes vais ter de me desculpar,
se não por culpa tua tenho a alma destroçada
se pelos inúmeros dias que passei a respirar nesta Terra
vezes sem conta me destroçaram o lado esquerdo para mais tarde,
na distância de por vezes tudo o que me é querido,
ter de reerguer em mim todas as energias para não desabar
Ás vezes, se optares por ficar
vais ter de me ignorar,
como se não soubesses do que sou feito,
feitios, defeito
concentrados no lado esquerdo do peito
Se resolveres olhar, parar
nunca serei menos do que me propuser sonhar,
de fugitivo ao Mundo sem para trás olhar
espero ter tanto caminho para trilhar
Não sei nem prometo,
se os defeitos que em mim vivem por vezes neles me comprometo,
por vezes sem sentido insatisfeito
nestas ideias que me percorrem o corpo quando me deito
Por fim se um dia me esquecer de saber sorrir,
e rir
se por um dia sequer me esquecer de saber ouvir
não terei mais nada para dizer e dar, razões para ficar
Então aí saberei que chegou a hora de partir

"You can't always get what you want" (The Rolling Stones)

1.2.11

Moonlight Drive

Nunca estás propriamente num só lugar,
se a vida te levar onde deve e,
se por momentos te lembrares
por ela lutar e puxar
ao fim ao cabo é a tua viagem e tu a sua caravela
acomodares-te é um presságio para a morte,
uma que talvez não te satisfaça,
que em instantes finais te deixe talvez demasiadas interrogações e não uma mente limpa, livre
se é que por obséquio partimos assim
que nunca esqueças a paixão que mora em ti,
a grandiosidade da mesma
para tal enaltece sempre os teus pontos fortes e cuida deles,
abafa os fracos
ainda terei os meus dias pela frente,
a seguir em direcção ao horizonte de sorriso em riste,
com o peito ao ar que me tenta trespassar a pele e só não conseguirá,
nem por momentos,
porque ali estarei, bem vivo
temos todos um caminho, apesar de estarmos todos virados na mesma direcção
neste que tal, aguardo por tantas coisas boas que me é difícil colocá-las em letras
nunca te esqueças de construir a tua existência com optimismo,
será sempre o teu maior empreendimento,
o teu lugar,
por onde quer que a vida te leve

Foto em Londres Gatwick, habitat natural para mim nos últimos anos, enquanto numa noite fria aguardava pelo próximo comboio para casa. No entretanto cruzei-me com diversas pessoas curiosas e peculiares. Apesar do gelo e cansaço que me pesava no corpo, relembrei mais uma vez a mim mesmo o quão efémeras são todas as coisas. Mesmo as que amamos e detestamos. Mesmo nós.

26.1.11

Noites Negras da Alma

Quantos dias da tua vida passam e que doem?
nestes que passaram quantos fizeste doer a outrém,
se outrém,
existe sempre
com o passar do tempo conseguimos destruir tudo o que erguemos,
voltando, espera-se
a erguer algo novo, diferente
no processo mudamos,
lembramo-nos do que foi e quem fomos quando tropeçamos em memórias,
coisas que guardamos numa caixa, em linhas velhas, empoeiradas
algumas que já não nos cabem na memória,
de tão efectivamente distraída com o quotidiano e com os dias vindouros
mas dias há,
noites negras da alma,
que doem
se algum dia te disseram que crescer dói esqueceram-se de acrescentar,
viver é crescer,
crescem coisas que vês e sabes, coisas que sentes, coisas que relembras e esqueces,
para quem sabe, espera-se
mais tarde voltar a recordar
por vezes vives com medo,
outras com a aventura à flor da pele,
umas vezes amas e outras foges sem olhar para trás
não existem,
digo não existem
caminhos certos,
houvera-os e estaríamos bem mais satisfeitos,
mais previsíveis e conformados, menos humanos
vezes haverá em que deverás focar-te no que foste e nos pedaços que perdeste pelo caminho,
talvez assim não te esqueças da humanidade que há em ti
das coisas que és capaz
talvez assim não deixes as noites negras da alma eclipsar o que há em ti

tenho estas saudades tuas e não to posso jamais dizer..

25.1.11

Lá Alto

Alimentam-se,
do teu tempo e atenção,
obviamente da tua energia
como se não lhes bastasse nunca a que a vida lhes deu,
como se pudessem por momentos não ser como nós,
gente há,
tanta,
que te tentarão prender ao chão,
como se não existisse céu lá fora e não o percorresses com os dedos mesmo e até que,
em sonhos
porém não deixes,
foge por cada momento,
parte-lhes os membros e o que demais deles te tentar agarrar à terra,
não te deixes capturar,
sê sempre, sem nunca deixar de Ser
que nunca te mudem o cerne, que nunca sequer lhe descubram tal para lhe sequer tocar,
o Mundo pode por vezes ser um lugar frio e só,
mas é também ele o teu lugar,
onde habitam os teus sonhos e memórias,
o lugar onde podes construir e construíste já tudo o que és
nunca te prendas,
ao chão

21.1.11

Love, Actually

"Never be anyone's second choice"

O que me incomoda nos supostos relacionamentos no dia que correm?
tornaram-se comodidades,
produtos que vendemos, compramos e eventualmente nos livramos com a mesma rapidez que um qualquer bem de consumo,
não escrevo tais palavras embebido por uma qualquer frustração pessoal,
adoro tocar nas coisas quando tenho maior clarividência,
não tocado por elas
ao usarmos, abusarmos de outrém,
do seu coração, da sua alma, do seu tempo e energia esquecemo-nos muitas vezes do princípio mais importante,
ligarmo-nos a elas
à falta de um USB para tal,
aproveitamos a vantagem sexual, o partido que podemos tirar de alguém
insatisfeitos por toda essa forma quase mecânica como nos relacionamos nos dias de hoje,
vemos na pessoa seguinte algo melhor,
como se não tivéssemos todos falhas e defeitos,
como se saísse um update de software para corrigir os bugs do programa anterior
enfim tornámo-nos aquilo que sempre foi dito e escrito que nos tornaríamos,
meros fantoches robotizados,
cegos pelas ideias que nos venderam ao longo de anos, anti-natura
certos que merecemos o Mundo, o Universo, o mais além
porém tantas vezes esquecemos que tudo isso pode ser tão simples como o toque certo na hora certa pela pessoa certa,
esquecemo-nos de sentir,
afinal,
sentimentos não vêm num pequeno pacote com uma pequena maçã prateada..

19.1.11

Tenho Dito

Ainda não sei acerca do que escrever,
tenho flutuado por entre dias que se precipitam sobre dias em que pouco vos teria que dizer
dias há que de tão vazios, tão sem personalidade alheia, me entediam de tentar recordar
pelo que não recordo, foco no Presente, anseio pelo Futuro
ainda me sinto deveras distante e relativamente desapoiado,
como alguém que vive fora do seu meio, que guarda para si a esmagadora parte da inteligência, do interesse
evito por vezes algumas coisas,
não sei se por receio meu, se por falta de vontade em escavar teorias que já anteriormente dei por falhadas
Tenho saudades de tantas coisas que me é difícil enumerar,
sendo uma delas a frustrante incapacidade de voltar atrás, voltar a ser miúdo e escolher mil outros caminhos
sorte minha acreditar que a vida é isso mesmo,
a existência
não completa por eu ser o Marco e tu seres quem és,
mas por uma quase infinita panóplia de existências e seres que fomos e voltaremos a ser
deixemos a religião completamente de fora deste assunto, este que sinto e conheço não tem delimitações feitas por um qualquer interesseiro de carne e osso
todas estas coisas que somos capazes de sentir,
à medida que ia para o meu próximo vôo esta manhã interrogava-me se todos os seres que são capazes de amar anseiam efectivamente amar como forma de alcançarem um patamar elevado do seu ser
ainda não tenho resposta,
pois se há momentos em que me sinto feliz a amar coisas que faço,
noutros me dei por feliz a amar outros seres
se por momentos me dei por arrasado por não poder fazer algo que amo,
noutros dei por mim arrasado por me devastarem novamente o lado esquerdo do peito
Sei apenas que a vida não é isto,
o melhor telefone, a televisão grande, o consumir a próxima coisa seguida da coisa seguinte
a vida não é paranoicamente buscarmos a perfeição física,
tantas vezes descurando qualquer tipo de elevação espiritual, mental
não se esqueçam por favor de existir,
de sentir as coisas por sentir e as pessoas por quem são e não pelo que aparentam querer ser,
que lhes amem os sonhos e as ambições,
da mesma forma que lhes consigam gostar de todo e cada defeito que nelas encontrarem
tenho dito

14.1.11

Persona Non Grata

Na sequência da última,
em jeito de parêntisis ainda que não de forma a aligeirar,
de há algum tempo para cá tenho escolhido o meu caminho,
a única coisa que as pessoas que gostam efectivamente de nós devem fazer é sorrir e do fundo do coração desejar sorte para esse mesmo caminho,
se concordam com ele ou não é totalmente irrelevante
Não ando à procura do Amor apesar de escrever inspirado nele,
Não me mata a solidão apesar de escrever incessantemente nela,
Não me mata a frieza, apesar de poder escrever uma palestra acerca dela,
Não importa se acredito ou não em contos de fadas, em amor à primeira vista, se me vou ou não apaixonar, se amanhã vou conhecer uma Maria Cachucha e ela me vai mudar a vida, deixar de quatro, virar a minha existência e os meus Paradigmas todos do avesso
Não importa se ocasionalmente estamos juntos e nenhuma destas coisas é tema de conversa
Orgulho-me efectivamente de viver uma vida muito cheia de muita coisa, de muitas coisas e muitas faces, muitos corações fantásticos e outros abomináveis, de muitas almas luminosas e outras obscuras, de muitos lugares, muitas noites mal dormidas, muitas coisas que até há poucos anos acharia improváveis de acontecerem a alguém que nasceu, como eu, num lugar pequeno e, durante muitos anos, viveu confinado a lugares e mentalidades igualmente pequenas
Nunca me dou por satisfeito por achar que as coisas têm a medida que lhes damos
se não as confinarmos, terão a oportunidade de ter a medida do infinito
sendo que infelizmente nós mesmos somos finitos, cabe-me tentar na minha existência experienciar ao meu ritmo, ao meu julgamento, ao meu gosto e vontade os limites de todas as coisas que me aprouver
Não ando à procura de nada, mas quero encontrar tudo